Nas linhas que aqui se fizeram, muito foi exposto sobre arte, seja literária, seja musical... Acho oportuno reiniciar as postagens desse blog, explanando acerca de uma arte que, a meu ver, é muito mais democrática do que qualquer outra, a imagem. A fotografia tem sua sensibilidade notada tanto pelo rico mais intelectualizado, quanto pelo pobre analfabeto. Traz em si, o que se chama de contextualização da arte com a sociedade, e essa característica é bastante pungente nas fotografias do brasileiro Sebastião Salgado.
Sebastião Salgado, mineiro, formado em Economia pela USP, iniciou seu percurso pela fotografia em uma viagem ao continente africano. É o fotógrafo brasileiro mais premiado e mais respeitado internacionalmente. Recebeu prêmios - World Press Photo, por exemplo - que o firmaram como um dos mestres da fotografia documental contemporânea.
Seus trabalhos documentam desde refugiados, imigrantes, crianças; até a África, megalópoles e a luta pela terra. Adepto da fotografia engajada, sempre trabalhando com fotos em preto e branco, Sebastião tece a crítica social muda, mas que salta aos olhos como se gritasse a miséria e a degradação do homem pelo próprio homem.
O fotógrafo vive atualmente na França, de onde lança seu olhar crítico, que muitos denominam de fotografia “mundo cão”. Essa expressão pode agregar um caráter pejorativo ao seu trabalho, no entanto, o que suas fotografias retratam nada mais é do que o mundo... o mundo visto de perto nos seus meandros mais nus, despidos de maquiagem e de photoshop. É da lente de um brasileiro que surge a arte que choca a humanidade que se vê desumanizada.
Encerro com as palavras de Salgado: "Espero que tanto como indivíduos, grupos ou uma sociedade, façamos uma pausa para pensar na condição humana na virada do milênio. Na sua forma mais brutal, o individualismo continua sendo uma fórmula para catástrofes. É preciso repensar a forma como coexistimos no mundo."
Heitor Nogueira.