
Ana Miranda publicou vários livros entre poesias, romances, crônicas e contos. Estreou com o livro de poesia Anjos e Demônios, em 1978, mas foi seu primeiro romance, Boca do Inferno, publicado em 1989, que rendeu a escritora o reconhecimento nacional e internacional, prova disso está no grande número de traduções do livro. A obra foi publicada na França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Argentina, Noruega, Espanha, Suécia, Dinamarca, Holanda e Alemanha. Já nesse primeiro romance, notamos a propensão de Ana Miranda ao romance histórico, fazendo dessa obra uma recriação histórico-literária do Brasil colonial, trazendo personagens como o poeta Gregório de Matos e o jesuíta Antônio Vieira. Por esse livro a autora recebeu o prêmio Jabuti, em 1990.
A recriação aparece também no livro publicado em 1996, Desmundo, objeto de estudo dessas linhas. Dessa vez, a recriação é feita na linguagem do século XVI, contando a história de órfãs mandadas de Portugal ao Brasil para se casar com os colonos. O romance histórico mistura história e ficção, reconstruindo ficticiamente acontecimentos, costumes e personagens. É nessa mistura que se edifica Desmundo, mescla-se fatos identificados na história do Brasil, com a viço ficcional edificado pela perspicaz escritora. Desse modo, ressaltaremos o veemente teor historiográfico da obra em análise nas linhas do próximo post que virá em breve.
Heitor Nogueira.